Fernanda Stefanski estreia solo Véspera no dia 12 de abril no Teatro Arthur Azevedo
Espetáculo nasce do encontro entre as personagens G.H., de Clarice Lispector, e Ofélia, de William Shakespeare
Matéria: Divulgação
Foto: Ligia Jardim
Duas potentes personagens femininas de universos, épocas e contextos completamente diferentes inspiram a criação do solo inédito Véspera, escrito, dirigido e estrelado por Fernanda Stefanski. O espetáculo estreia no dia 12 de abril, no Teatro Arthur Azevedo, onde segue em cartaz até o dia 28 do mesmo mês, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.
O texto nasceu a partir do encontro entre as personagens G.H., extraída do romance “A Paixão Segundo G.H.”, da autora brasileira Clarice Lispector (1920-1977), e Ofélia, criada pelo bardo inglês William Shakespeare (1564-1616) na peça “Hamlet”. A ideia é propor um mergulho na psique feminina, cruzando as trajetórias de duas personagens icônicas, em uma investigação sobre loucura, identidade e liberdade.
A ação de Véspera é o percurso de transformação existencial de Ofélia, uma mulher que, a partir do término de uma relação amorosa, mergulha em uma aventura de reconstrução de seu passado e de sua história. Ao sofrer uma metamorfose de si mesma, Ofélia perde a sua concepção de mundo – a maneira como ela se conhecia até então – para conquistar a ressignificação de sua existência.
O encontro de Ofélia com G.H. é um choque de mundos, no qual duas mulheres se entrelaçam e desafiam os limites da racionalidade e da realidade, questionando representações da opressão feminina, convenções sociais e o peso das expectativas alheias.
Nesse cruzamento de universos, Véspera é um vislumbre profundo sobre a condição da mulher na sociedade, sobre a natureza da loucura e sobre os labirintos da mente humana. O encontro entre elas, mais do que a fusão de duas personagens, é a sobreposição de dois universos simbólicos que nos convidam a explorar as profundezas da alma feminina e os mistérios da condição humana.
Véspera faz parte da Trilogia do Desencanto, juntamente com NÓS (2022) e A Grande Obra (2023), que tem como ponto central uma pesquisa sobre a desilusão, a partir de um estudo do romance de Clarice Lispector, A Paixão Segundo G.H.
A linguagem da peça extrapola os limites do teatro dramático, mesclando elementos do drama, da performance e da arte-tecnologia. Vemos em cena uma Ofélia às avessas, em uma proposta de atuação que expande os limites da cena acabada e adquire um contorno performativo, no qual o obsceno assume o centro da ação.
O espetáculo propõe uma relação direta com o espectador, na qual a protagonista expõe as etapas íntimas de um processo de desconstrução de si, buscando libertar-se de um “eu” objetificado e aprisionado no modelo ficcional da heroína-trágica e tecendo uma reflexão sobre gênero, revolução e transgressão.
Despida do desejo de persuadir o espectador acerca de um discurso lógico, a espinha dorsal da dramaturgia se estrutura na tensão entre a narrativa dramática da tragédia Hamlet e a travessia metafísica de A Paixão Segundo G.H.
A personagem de Clarice surge em Véspera como a mão invisível que conduz o processo de metamorfose da personagem shakespeariana e traz para o centro da cena as palavras não ditas de Ofélia: seus fantasmas, sua lucidez radical e a esperança de evitar que seu final trágico se repita. Dissecando a equação “loucura e morte”, massivamente presente nas representações de personagens femininas em ficções, o espetáculo questiona o modelo ficcional da “mulher-louca-suicida”, que, muitas vezes, se estende às nossas relações cotidianas.
Ao longo de uma noite insone, a Ofélia de Véspera realiza uma aventura, deixando de ser uma personagem narrada pela perspectiva alheia, para apropriar-se de suas palavras e adquirir a dimensão de sujeito, movida pelo desejo de reescrever o desfecho de uma das mais famosas e influentes tragédias da cultura ocidental.
Da fusão da personagem emblemática de Clarice com uma das personagens mais famosas de Shakespeare, surge uma Ofélia que se questiona sobre vida e morte, amor e ódio, obediência e transgressão. Uma Ofélia dividida entre ser e não ser, entre passado e futuro, entre o que a história insiste em perpetuar e o que sua consciência deseja libertar.
Sinopse
Após ser declarada morta, afogada em um rio, Ofélia retorna à cena de seu suposto suicídio para reconstituir a verdade sobre sua morte. Sozinha pela primeira vez em muito tempo, ela invade um teatro interditado e revela detalhes íntimos de sua vida. Misturando sonho e realidade, Ofélia reescreve sua história e altera o desfecho de uma grande tragédia.
Ficha técnica:
Concepção, direção, dramaturgia e atuação: Fernanda Stefanski
Projeto audiovisual e tecnológico: André Zurawski
Cenografia e desenho de luz: Marisa Bentivegna
Figurinos e adereços: Chris Aizner
Trilha sonora e desenho de som: Arthur Decloedt e Charles Tixier
Interlocução artística: Bruna Betito
Fotografia: Ligia Jardim
Registro audiovisual: Otavio Dantas
Arte gráfica: André Zurawski e Fernanda Stefanski
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Gerenciamento de redes sociais: Zava
Intérprete de libras: Fabiano Campos
Produção: André Zurawski e Fernanda Stefanski
Assistência de produção: Larissa Miranda
Apoio: Oficina Cultural Oswald de Andrade, IBT – Instituto Brasileiro de Teatro, Espaço das Pequenas Coisas, EAI – Espaço de Artes Integradas
Serviço:
Véspera (de 12 a 28 de abril de 2024)
Quando: Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
Sessão extra: 25/04 (20h – quinta)
Local: Teatro Arthur Azevedo (Avenida Paes de Barros, 955, Alto da Mooca, São Paulo/SP)
Ingressos: gratuitos (distribuídos uma hora antes de cada sessão)
Classificação: 16 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 50 lugares
Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Sessões com intérprete de Libras: 14 e 21 de abril