Macunaíma, um Brinquedo adapta obra clássica da literatura brasileira para espetáculo que mescla teatro e contação de histórias
Sob direção e realização de Cristiane Paoli Quito, o espetáculo do grupo Favas de Paricá é um mergulho nas palavras e na escuta de uma das obras centrais do modernismo brasileiro: Macunaíma, um Herói Sem Nenhum Caráter, escrito em 1928 por Mário de Andrade
Matéria e foto: Divulgação
Transposição de uma das obras literárias mais emblemáticas do modernismo brasileiro para a cena, o espetáculo Macunaíma, um Brinquedo traz trechos intocados do livro de Mário Andrade reinterpretados pelo grupo Favas de Paricá. Em cena, estão Marisa Bezerra e Arce Correia. O trabalho, que vem sendo apresentado e remodelado desde 2016, tem direção de Cristiane Paoli Quito e circula por bibliotecas da capital paulista e do interior. As apresentações confirmadas acontecem nos dias 12 e 26 de maio, sexta-feira, 15 horas, na Biblioteca do Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso em São Paulo. Após cada sessão, há uma roda de conversa entre os atores e o público – toda a programação é gratuita.
Ao optar por apresentar a obra em espaços não convencionais da cena, Macunaíma, um Brinquedo explora os limites da contação de histórias e do teatro, fazendo das sessões um momento de partilha com o público que retoma tradições da oralidade enquanto busca, nos termos da companhia, levantar a palavra do livro. “Apresentar em bibliotecas traz para um lugar de vida a própria palavra do Mário de Andrade. Nas bibliotecas é onde moram as palavras deitadas, então nossa ideia é propor uma ação que dinamize essa obra tão importante”, conta Marisa Bezerra.
Para facilitar a circulação do espetáculo, o cenário é composto por elementos simples, como um tapete e uma luminária que sugere ao público sentar-se em torno desses objetos cênicos, propondo uma encenação em arena. Durante o espetáculo, são utilizadas passagens originais do texto de Mário de Andrade em um caráter rapsódico, com resumos de cada capítulo. “Resgatamos as partes do livro que decidimos recontar mantendo uma linha de raciocínio de cada capítulo e também mantendo as palavras de Mário de Andrade”, reforça Bezerra.
O trabalho realizado pelo grupo foi conduzido a partir da pesquisa de mestrado da diretora Cristiane Paoli Quito, denominada O corpo da voz, que integra o conhecimento profundo da história literária, recursos físicos e vocais, improviso de onde começa e termina a narração, dependendo das reações e respostas do público.
A companhia reforça que a escolha das edições dos capítulos também conversa com os públicos para quem as sessões serão apresentadas. “Em apresentações para idosos, por exemplo, percebemos um encantamento ao selecionar trechos específicos da obra sobre a cidade de São Paulo, pois muitas pessoas ali vivenciaram o que está descrito”, diz Bezerra. A artista complementa que, com professores, é possível notar uma cumplicidade em pensar maneiras alternativas de apresentar a obra aos alunos. Já para crianças e adolescentes, a encenação apoia a pensar os termos da escrita por meio de figuras acessíveis.
Ficha técnica:
Baseado no livro de Mário de Andrade
Direção: Cristiane Paoli Quito
Elenco: Marisa Bezerra e Arce Correia
Preparação vocal: Rodrigo Mercadante
Confecção de figurino: Silvana Carvalho
Cenário: Cristiane Paoli Quito, Marisa Bezerra e Arce Correia
Garimpo musical: Sílvia Bittencourt
Direção de produção: Marina Merlino
Assistência de produção: Marisa Bezerra
Sobre Marisa Bezerra
Atriz, produtora, diretora artística e apresentadora desde 2002. Formada pela Escola de Arte Dramática (ECA-USP), é paraense, criada no Ceará, e radicada em São Paulo desde 2008. Membro fundadora do Cabauêba, grupo de Fortaleza com o qual migrou para São Paulo e realizou obras como “Sobre o fim” (2010); “As formigas” (2006); “O jardim Selvagem” (2007), dirigidas por Lucas Sancho. Integrou o elenco da peça teatral “Planeta água”, com turnês pelo país inteiro. Integrou o elenco de “Coisas que você pode dizer em voz alta” (2019), dir. Ricardo Henriques; “Idiotxs Magnificxs” (2018), “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, um brinquedo” (2016), ambos dirigidos por Cristiane Paoli Quito, “De Passagem ou que ano louco 2020”, dir. Juracy de Oliveira; “Em Análise”, dir. Bruno Sperança (2020); “Love Live show”, dir. Elisa Porto e Juracy de Oliveira (2020).
Trabalhou também com diretores e grupos como Bete Dorgam, Lucienne Guedes Fahrer, Eco Teatral , Coletivo Garoa, entre outros. Como produtora, atualmente integra a equipe de Johnny Hooker (desde 2015) e Josyara (entre 2019 e 2023). Em 2014 passa a integrar o grupo “Pronto Sorrir” que promove atividades artísticas semanais para crianças hospitalizadas, seus acompanhantes e funcionários em diversos hospitais de São Paulo.
Sobre Arce Correia
Arce Correia DRT-130/MS. Multiartista Sul-Mato-Grossense e que vive em São Paulo desde 2011, formado pela Escola de Arte Dramática ECA/USP com licenciatura e bacharelado em teatro pela Universidade Anhembi Morumbi. Tem mais de 24 anos de atuação em teatro, dança, música, cinema, televisão e mais recentemente na literatura lançando seu primeiro livro de contos, poemas e letras de música “Alinhavo deLírios e açoCenas” Atuou como ator, bailarino, diretor e coreógrafo nos grupos: Teatral Grupo de Risco, Teatro Vento Forte, Circo do Mato e Ginga Cia de dança. É preparador de expressividade vocal e corporal para atores e pessoas interessadas em comunicação. Criou e atua com a personagem humorística Maria Quitéria desde 2000. Esteve sob algumas direções como Cristiane Paoli Quito, João Lima, Roma Roman, Ilo Krugli, Silvana Garcia, Mônica Montenegro, Bel Teixeira e Carla Candiotto. Trabalhos de relevância como: Macunaíma um brinquedo, Apareceu a Margarida, Itinerâncias de Graciliano e Baleia, História de lenços e ventos, O mistério do fundo do pote, Tá tudo treta e a poesia rege, Dias rasgados um bordado inacabado, O cortiço, Quarto de despejo (onde também compôs músicas e letras), Vorazcidade, Eleutheria, e Cimbeline. Prêmios: Festival Sul Matogrossense de teatro, Festival nacional Veiga de Almeida, Festival nacional de teatro de Duque de caxias. Seu mais recente trabalho é o show autoral “Alinhavo” onde apresenta textos e músicas de seu livro.
Sobre Cristiane Paoli Quito
Diretora-criadora-realizadora, atriz e produtora. Sócia-fundadora da Pimba Produções Artísticas e diretora da Cia. Nova Dança 4. Projeta-se na cena teatral paulista nos anos 90, através de seus espetáculos recheados de técnicas e referências da commedia dell’arte. Na segunda metade da década, volta-se para a dança, e desenvolve linguagem própria, fundada na pesquisa sobre a dramaturgia do intérprete em improvisação. A partir de 1996 une- se a Tica Lemos e cria a Cia. Nova Dança 4.
Inicia suas atividades teatrais pelas mãos de Antonio Januzelli, em 1977. Sua formação é resultante de encontros com profissionais como Philippe Gaulier, Maria Helena Lopes, Francesco Zigrino, Tica Lemos, Neide Neves, Lu Favoretto, Rose Akras, Steve Paxton, Lisa Nelson, Janô, entre outros. Foi responsável pela direção da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo – EAD/ECA-USP de 2005 a março de 2009, onde leciona e monta espetáculos desde 1996. Foi professora do curso de Comunicação das Artes do Corpo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo de 2001 a 2004. Entre 1996 e 2007, foi Diretora e Professora do Projeto Estúdio Nova Dança, espaço/conceito de ensino, pesquisa, criação, produção e realização artística.
Serviço:
Macunaíma, um Brinquedo (de 12 e 26 de maio)
Quando: sexta-feira (15h)
Local: Biblioteca do CCJ (Avenida Dep. Emílio Carlos, 3.641, Vila dos Andrades, São Paulo/SP)
Ingressos: Toda a programação é integralmente gratuita e aberta a todos os públicos
Classificação: Livre
Classificação: a partir de 12 anos
Duração: 80 min