segunda-feira, 9 dezembro, 2024
Teatro

Ana Beatriz Nogueira e Fernanda Vasconcellos estreiam nova temporada do sucesso “Sra. Klein”, dia 4 de maio, no Teatro Bravos

Kika Kalache também está no elenco do espetáculo sobre a psicanalista Melanie Klein, que teve ingressos esgotados em São Paulo, Brasília e no Rio   

Crédito: Juliana Bizzo

Matéria: Divulgação
Foto: Juliana Bizzo

Recorte de um único e intenso dia na primavera londrina de 1934, o espetáculo “Sra. Klein”, que teve ingressos esgotados em São Paulo, Brasília e no Rio, retorna à capital paulista para nova temporada no Teatro Bravos, a partir de 4 de maio. Embora ambientado há quase 90 anos, o texto do autor inglês Nicholas Wright — com adaptação brasileira de Thereza Falcão — segue atual, como atesta o diretor, Victor Garcia Peralta. “A história é sobre uma família disfuncional, a relação tóxica entre mãe e filha. O público vai se identificar demais porque sempre há dificuldades nesses vínculos”, explica ele, que já havia montado o texto há 33 anos, na Argentina.

As histórias familiares da psicanalista austríaca Melanie Klein (1882-1960) exercem fascínio no mundo todo e a peça já foi encenada no Brasil duas vezes — nos anos 1990, com Ana Lúcia Torre, e, em 2003, com Nathália Timberg à frente do elenco, ambas sob a direção de Eduardo Tolentino de Araújo. Foi ao assistir à segunda montagem de Tolentino que Ana Beatriz Nogueira desejou pela primeira vez viver a personagem-título.

“É um texto muito bem feito, que remete aos clássicos em termos de estrutura, e com o qual o público se identifica demais. Eu me lembro que fiquei com a peça na cabeça desde que a vi. Pensei comigo: ‘Quando for mais velha, eu quero fazer’. A gente deseja fazer certos papeis mais velhos, com a idade da personagem, embora em teatro tudo seja possível. Só que é mais interessante estar mais madura como atriz”, comenta Ana Beatriz Nogueira, também produtora da peça, feliz com o retorno à SP.

A atriz mergulhou numa longa pesquisa sobre a obra e a personalidade da psicanalista. “Essa peça é mais sobre lidar com a vida do que com a morte, e isso inclui, claro, questões cotidianas e os lutos das nossas certezas e crenças”, explica.

Vivida agora por Fernanda Vasconcellos, a personagem Melitta, filha de Klein, expõe os conflitos entre mãe e filha, o fio condutor do espetáculo. Neste recorte, ambas as personagens precisam encarar a morte de Hans, o filho/irmão mais novo que acaba de morrer.

Para Fernanda, que já foi a filha de Ana Beatriz Nogueira na novela “A Vida da Gente”, de 2011, o reencontro em cena está sendo mais do que inspirador. “É uma bênção do universo e de Deus estar de novo com a Ana em cena. Ela é minha referência e é de uma generosidade, de uma afetuosidade, sempre tão acolhedora. Não se importa em dividir a genialidade dela na cena. Voltar ao lado dela ao teatro, que não faço há um tempo, é muito simbólico para mim”, diz a atriz.

O mergulho profundo nas águas da psicanálise, para interpretar Melitta, tem trazido muitas reflexões, confessa Fernanda. “É estimulante. Tenho cada vez mais vontade de aprender. Essas mulheres são muito inteligentes, mentes privilegiadas que estão lidando com suas fragilidades dentro da complexa relação de de mãe e filha. Mesmo para quem já faz análise, é muito interessante e novo”, afirma.

Como Klein testou seu método psicanalítico nos dois filhos, Melitta se sente violada na sua intimidade e questiona essa mistura de vida pessoal com profissional, o que resulta numa lavação de roupa suja das boas.

Há ainda um terceiro vértice nessa discussão: Paula, personagem de Kika Kalache, que ora tende para o lado de Melitta, sua amiga, ora para o lado de Klein, de quem é discípula. “O encontro das três é forte. A minha personagem é muito observadora, tem menos embates, pois é mais contida. Paula acaba tendo um ponto de vista da história parecido com o do público”, explica Kika.

Nesta sua nova encenação, Victor Garcia Peralta seguiu um caminho mais contemporâneo: “Os figurinos da Karen Brusttolin remetem aos anos 1930, mas também dialogam com a moda de hoje. Temos três mulheres e 18 cadeiras em cena, é como um quebra-cabeça. Acho curioso que essas três analistas, tão experientes em ouvir o outro e tratar das questões de seus pacientes, não conseguem se ouvir e ver o óbvio da questão que estão enfrentando. Em muitos momentos, o humor delas sarcástico é maravilhoso “, observa o diretor.

A realização do espetáculo é da Trocadilhos 1000 Produções Artísticas, da atriz Ana Beatriz Nogueira.

Ficha técnica:
Texto: Nicholas Wright
Tradução e adaptação: Thereza Falcão
Direção: Victor Garcia Peralta
Elenco: Ana Beatriz Nogueira, Fernanda Vasconcellos e Kika Kalache
Cenário: Dina Salem Levy
Figurinos: Karen Brusttolin
Iluminação: Bernardo Lorga
Trilha sonora: Marcello H
Direção de movimento: Toni Rodrigues
Visagismo: Fernando Ocazione
Idealização: Ana Beatriz Nogueira e Eduardo Barata
Projeto gráfico: Alexandre de Castro
Direção de produção e assessoria de imprensa: Dobbs Scarpa
Realização: Trocadilhos 1000 Produções Artísticas

Serviço:
Sra. Klein (de 04 de maio a 30 de junho)
Gênero: Drama / Suspense
Quando: Sábado (21h) e domingo (19h)
Local: Teatro Bravos (Rua Coropé, 88, Pinheiros, São Paulo/SP)
Ingressos: R$ 80,00 (mezanino), R$ 100,00 (plateia inferior) e R$ 120,00 (plateia premium)
Classificação: 14 anos
Duração: 90 min
Capacidade: 611
Acessibilidade: Sim

Sobre Ana Beatriz Nogueira

A atriz carioca estreou profissionalmente no longa “Vera” (lançado em 1987), dirigido por Sérgio Toledo. Por este trabalho, aos 20 anos, foi premiada, entre outras láureas, com o Urso de Prata no Festival de Berlim, prêmio dado somente a três brasileiras – além dela, Marcélia Cartaxo e Fernanda Montenegro.

Desde então, contabiliza em sua trajetória, além de diversos outros prêmios, mais de uma dezena de filmes, 29 trabalhos na televisão, 17 peças de teatro, tendo trabalhado com diretores como Victor Garcia Peralta, Vera Holtz, Guilherme Leme Garcia; Bia Lessa, Paulo de Moraes, Christiane Jatahy, Leonardo Netto e Felipe Hirsch, entre outros. Como diretora, além de peças, dirigiu shows de Zélia Duncan e Leila Pinheiro, clipes e curtas-metragens.

Em 2020, foi idealizadora do projeto pioneiro Teatro Já, no então Teatro PetraGold / RJ, que marcou a volta das primeiras peças depois do início da pandemia, em transmissão ao vivo do palco do teatro; e do Teatro Sem Bolso, que apresentou peças e shows em transmissões ao vivo ou pré-filmadas diretamente do palco que construiu em sua própria casa.

Pela relevância destas iniciativas, ganhou o título de Carioca do Ano de 2020 pela Revista Veja Rio, e uma indicação ao Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo.

Recentemente esteve no ar na novela “Todas as Flores”, de João Emanuel Carneiro, na TV Globo.

Leave a Response